Qual a diferença entre ouvirmos o que o interior nos diz para fazermos e alimentar o Ego?
Muitas vezes lemos ou ouvimos algo sobre a necessidade de termos importância e de sermos importantes. Mas o que é isto de ser importante?
Em trabalhos de grupo de educação emocional já aconteceu alguém afirmar que decidiu a partir de uma certa altura da vida prestar atenção a si próprio, sem ter em conta as pessoas que o rodeiam. Que já deu muito à Vida e que agora estava a viver para si, porque tinha chegado a altura, e que os outros ficassem por sua conta.
Qual a diferença entre ouvirmos o que o interior nos diz para fazermos e alimentar o Ego?
Um destes dias saí numa estação de comboio bastante movimentada àquela hora e olhei para o fluxo de pessoas que saíam do comboio e se dirigiam para outros locais.
Eram muitas pessoas com o mesmo movimento e dei conta dos pensamentos que surgiam: parecemos glóbulos vermelhos a transportar oxigénio e nutrientes para as células!
E um glóbulo vermelho não questiona se é mais importante que o do lado porque transporta algo mais importante que o outro. Apenas faz o movimento que é para fazer, tranquilo na sua tarefa.
E o que acontece ao nosso corpo se uma célula muda e se transforma? Por vezes, surge algo de aflitivo e stressante.
Tal como nós quando fazemos uma alimentação do Ego de forma desmesurada e sem parar para ouvir o que pensamos. Como quando surgem pensamentos do tipo: “Eu quero ser importante” ou “Eu sou importante a partir de agora.”
Talvez eu seja importante e ao mesmo não sou importante.
Sou importante porque estou aqui neste momento a ser quem sou, e por isso importo.
E não sou importante porque a Vida sabe melhor o que fazer comigo e, se me deixar ir, sem resistência no que está a acontecer, o fluxo levar-me-á a cada momento para fazer o que é para fazer.
E por vezes sinto que que não faz sentido o que os outros querem que eu faça e afasto-me, mantendo a individualidade. E mantenho uma posição por sentir que é aquela que faz sentido.
E outras vezes, sinto que é para estar em grupo, não dando importância aos pensamentos que me levariam a ter atitudes muito individualistas e que iriam prejudicar o todo.
E a única atitude que me parece ser importante, é aquela que me faz parar para ouvir cá dentro o que faz sentido naquele momento. E a atitude que surgir, é a melhor que sei fazer no instante.
Algumas vezes sou o Eu e outras sou uma espécie de glóbulo vermelho, a caminhar para fazer o que é para fazer: alimentar alguma célula que necessita de oxigénio ou de nutrientes. Com todo o prazer de o fazer.